Como uma autêntica potterhead, fiquei muito curiosa pra ler mais uma obra da genial JK Rowling, Morte Súbita (título original: Casual Vacancy), e quem tem a intensão de ler achando que vai encontrar qualquer similaridade com a saga Harry Potter pode desistir, pois essa obra é bem diferente.
Embora esse livro não tenha absolutamente nada a ver com HP, na minha opinião, JK Rowling mantém um traço no jeito de escrever que é o que ela tem de melhor. Assim como em HP, em Morte Súbita, ela comenta alguns assuntos e deixa-os por um tempo pairando no ar, o que faz com que o leitor fique bastante curioso quanto ao desfecho. No início da estória ela sugere através de diálogos e de pensamentos dos personagens que eles têm alguns segredos, mas não os revela logo de cara. Mesmo não tendo como comparar, pois são estórias completamente diferentes, é meio inevitável que isso não aconteça e apesar da Morte Súbita ser legal os mistérios em HP são bem mais emocionantes!
A estória se passa em uma pequena cidade chamada Pagford e o que você vai percebendo no decorrer da leitura é que Pagford é um local cheio de hipócritas e falsos moralistas o que vem a se confirmar mais adiante.
A primeira parte do livro foi uma espécie de apresentação dos personagens, achei um pouco massante, mas na segunda parte o livro começou a ficar muito bom e prender a atenção.
As pessoas em Pagford parecem só pensar na eleição para a vaga de Conselheiro no Conselho Distrital, em virtude da vaga devido ao falecimento de Barry Fairbrother, chegando abdicar a vida familiar, como é o caso de Miles Mollison, que mal percebe a esposa, tão pouco volta a atenção para os desejos e anseios dela, e a Dra. Parminder Jawanda que, diferente do marido, Vikran, não passa nenhum momento com a família.
Foi necessário que o casamento de Miles e Samantha Mollison chegasse ao limite para que Milles pudesse perceber o quanto a esposa estava descontente. Foram resilientes o que melhorou a relação. Depois que Samantha passou a sentir que o marido se importava com ela, deixou de lado o seu egocentrismo e se voltou à causas sociais.
E precisou de um desastre para que Parminder Jawanda desse mais atenção e fosse mais complacente com a filha Sukhvinder, percebendo as angústias da filha marcadas em seu próprio corpo.
Barry Fairbrother era um cara muito bem relacionado em Pagford e um dos seus principais papeis dentro do Conselho era defender as ações em prol da comunidade menos favorecida de Fields, muitas vezes retalhada pelos tradicionalistas anti-Fields, representados por Howard Mollison. Todos em Pagford, até o grupo da oposição, simpatizavam muito com Barry que ao lado de sua esposa Marry Fairbrother formavam, aos olhos de todos na cidade, o casal perfeito.
As pessoas em Pagford parecem ter uma grande necessidade de viver de aparência, até mesmo Mary Fairbrother, que estava sempre ao lado do marido Barry esboçando largo sorriso e parecendo apoiar o marido em todas as suas decisões, mostrou, após a morte do cônjuge, que já estava farta do envolvimento dele com o Conselho, com Fields e principalmente o envolvimento do marido na vida de Krystal Weedon, confessando tudo isso ao melhor amigo de Barry, Gavin Hughes.
Gavin Hughes é simplesmente irritante, um cara frouxo e sem atitude... Não entendo como alguém como Kay Bawden que é uma mulher inteligente, independente e com muita atitude seja tão permissiva diante das atitudes (ou falta delas) de Gavin. Colocou em crise a relação com a filha Gaia por causa de um sujeito indeciso, de certa forma até oportunista (emocionalmente falando) e que não vale a pena.
Stuart Wall, o Bola, vivia querendo provar a si mesmo (e principalmente para os outros) que era descolado e que já estava preparado para o que ele intitulava de "vida real", tomando atitudes que chocavam as pessoas e que envergonhava os seus pais, mas na verdade não passa de um garoto estúpido e imaturo. Boa parte do comportamento de Bola atribuo à sua mãe, Tessa Wall, extremamente permissiva e fingindo não enxergar alguns abusos do filho para não ter que se posicionar, o que, indiretamente, afetava a condição mental de seu perturbado marido Colin Wall.
Um fim trágico de Krystal e Robbie Weedon já era previsível, vindos de uma família totalmente desestruturada e uma mãe viciada em heroína... Se Terri Weedon já oferecia resistência em continuar de forma regular seu tratamento devido à dependência química, com a morte dos filhos, creio que não tenha mais motivos pra continuar.
Ruth Price é a típica Amélia, tem uma formação e um emprego, mas não desiste da tensão que é viver com seu marido agressivo Simon Priece. Segundo a perspectiva de seu filho mais velho, Andrew Price, a mãe poderia largar o pai e viver sua vida mais digna e sem tanto stress.
Mesmo diante de situações mais delicadas, Shirley não perdeu sua mesquinhez e forma, desde o início da estória, com Maureen a dupla de fofoqueiras maledicentes de Pagford.
Com o afastamento de Howard do Conselho Distrital, por problemas de saúde, é possível que as causas sociais voltadas aos menos favorecidos tenham mais apoio.
Aparentemente, Patrícia, a filha de Shirley e Howard e irmã de Miles é a pessoa mais sensata da família Mollison.
Nenhum comentário:
Postar um comentário